CABO HORN – COM OS PÉS NO FIM DO MUNDO
Ingresse comigo a bordo de um navio com destino ao ponto mais austral da América Latina, rumo ao temido Cabo Horn; terror dos antigos navegadores e último ponto de terra firme no caminho para a Antártida.
A aventura inicia na cidade de Punta Arenas (Chile), a bordo do confortável Stella Australis com seus 5 andares de pura diversão e entretenimento. Em passagem pelo Estreito de Magalhães, o navio segue pelo Canal Beagle e refaz parte da rota de exploração realizada no ano de 1833 pelo cientista britânico Charles Darwin, até o Cabo Horn e retorna para desembarque na cidade de Ushuaia (Argentina).
Por se tratar de um “Small Ship Cruise”, o barco consegue adentrar nos fiordes da Terra do Fogo e tem acesso às geleiras da Cordilheira Darwin, para o deleite dos visitantes que, transportados em botes de apoio, conseguem acessar lugares remotos e totalmente isolados, onde não existem portos, cidades ou qualquer habitante humano, para então estabelecer contato direto com a natureza selvagem ao visitar colônias de pinguins, elefantes marinhos, golfinhos, baleias, entre outros animais.
Esse roteiro já é preestabelecido e têm exigência física baixa, portanto, a faixa etária dos passageiros é muito ampla. Para se ter uma ideia, é enorme a quantidade de idosos que, munidos de suas fiéis bengalinhas, se aventuram no passeio e deixam os mais jovens por muitas vezes, boquiabertos.
É um cruzeiro de contemplação e ecoturismo. O tamanho dos botes de apoio e a agilidade da equipe altamente treinada faz com que os desembarques sejam muito ágeis e os passeios sejam em grupos menores, personalizados e com todo o suporte necessário para a segurança dos turistas.
O roteiro é dividido em cinco dias, com diversas paradas, as quais relato a seguir.
1o DIA: ESTREITO DE MAGALHÃES E CANAL BEAGLE
Início da viagem com navegação a caminho do Cabo Horn. A apresentação da equipe do navio e oficiais é feita pelo capitão, com orientação sobre as acomodações, áreas comuns e demarcação das restritas.
Nessa primeira etapa da viagem, é feito um treinamento no qual os passageiros recebem noções em relação às normas de segurança dentro e fora do navio, procedimentos de emergência, colocação de coletes salva vidas, rotas de fuga, roteiro da viagem e palestras sobre os próximos destinos. Finalizadas as formalidades iniciais, o resto da viagem se traduz em diversão, com uma festa de boas vindas e degustação de diversas delícias elaboradas pelo chef do restaurante e sua equipe.
O cardápio é bastante variado, mas o destaque sem dúvidas fica por conta dos pratos à base de peixes e frutos do mar, regados a vinhos e saborosos drinks exclusivos.
2o DIA: FIORDE ALMIRANTAZGO – BAÍA AINSWORTH – ILHOTAS TUCKERS – GLACIAR MARINELLI E CANAL GABRIEL
Saída em botes motorizados com a equipe do navio para exploração do entorno e possível observação de elefantes marinhos, colônias de pinguins, comorões, gaivotas austrais, chimangos e diversas outras espécies da avifauna local.
O passeio tem duração média de duas horas, porém o desembarque dos passageiros fica a critério da avaliação das condições climáticas, feita pela equipe no momento da chegada ao destino, já que o clima na região muda de forma intempestiva.
3o DIA: CANAIS BELLENERO Y O’BRIEN – BRAÇO NW – CANAL BEAGLE – AVENIDA DOS GLACIARES – FIORDE – GLACIAR PIA
Em contato direto com a natureza e navegação nas águas do canal, é possível perceber toda a imponência das montanhas milenares ao longo do percurso.
Visitação do Glaciar Pia, uma das maiores e mais imponentes geleiras do planeta. Também é feita uma caminhada para observação da flora diferenciada em decorrência do degelo de algumas partes das ilhas.
Muitas peculiaridades são encontradas ao longo do trajeto, dentre as quais, a incrível apresentação de micro florestas, só percebidas e observadas com o auxílio de uma lupa.
A finalização do passeio conta com uma degustação de chocolate quente e whiskey com gelo glacial, retirado diretamente da geleira. Uma diversão para os turistas que, há tempos, segue a tradição local.
4o DIA: CANAL MURRAY – BAÍA NASSAU – ILHAS WOLLASTON – CABO HORN – BAÍA WULAIA
Imagens incríveis são vistas nessa etapa do trajeto. A multiplicidade de cores e reflexos geradas pela incidência da luz, promovem um colorido ímpar na paisagem esbranquiçada.
Outro ponto alto da viagem é a saída para navegação em mar aberto pelo Pacifico Sul, com destino ao ponto mais distante das Américas. Essa é etapa que pode gerar um pouco de tensão em algumas pessoas, já que é comum encarar ondulações com alguns metros de altura, o que faz com que o navio balance bastante, porém, relaxe, aproveite a adrenalina e lembre-se que a condução da embarcação é feita pelo experiente capitão e sua brigada que, assim como você, também estão “no mesmo barco”.
Passado o susto e de volta a águas menos revoltas, você põe os pés em terra firme na visita ao Instituto Charles Darwin, local onde o capitão inglês Fitz Roy e o cientista fizeram contato com aborígenes Yaghanes no séc. XIX.
Há um belíssimo passeio pelos arredores, finalizado com um delicioso café ao ar livre no período da tarde. É possível avistar diversos golfinhos que acompanham o barco, tanto na ida quanto na volta do percurso.
Na sequência, saída para mais uma perna de mar que finalmente nos leva ao ponto mais austral do planeta e último pedaço de terra firme a caminho da calota polar sul: Cabo Horn.
A partir daí, inicia-se uma pequena maratona na visitação do Cabo de Hornos National Park, com subida por uma escadaria de 160 degraus para visitação ao monumento da Irmandade dos “Cap Horniers”, inaugurado em 5 de dezembro de 1992.
5o DIA: USHUAIA
O final da maratona aquática é feito novamente de volta ao Canal Beagle para finalmente aportar e desembarcar os passageiros na pequena cidade de Ushuaia, fundada em 12 de outubro de 1884; um dos primeiros pontos de encontro entre a cultura Yaghan e os missionários anglicanos.
Além das atividades externas de expedição e exploração local, existem no interior do barco, diversas relações interativas e de entretenimento que visam a integração entre passageiros e tripulantes, com diversão garantida 24h ao dia. Você ainda tem a opção de fazer compras na zona franca e trazer diversos souvenires como recordação da viagem.
O Stella Australis foi construído no ano de 2010 e opera desde então sem qualquer tipo de acidente com turistas ou membros da tripulação.
Comporta até 210 passageiros confortavelmente distribuídos em 100 cabines com janelas amplas, o que permite a visualização da paisagem durante de todo o trajeto.
Ao longo de seus cinco andares, possui restaurante, salões de jogos e entretenimentos, sala de ginástica, aquecimento central, torre de observação, salas de projeções, entre outros atrativos.
Eventualmente é possível conhecer a cabine de comando e navegar um pouco ao lado do capitão, mas isso é um privilégio para poucos.
DICAS PARA FAZER UMA VIAGEM AGRADÁVEL E SEGURA
O extremo sul do planeta, Cabo Horn e seus arredores são mundialmente conhecidos por suas abruptas mudanças de clima, ventos fortíssimos que podem facilmente passar dos 200 Km/h e nevascas súbitas, o que gera incríveis tempestades durante todo o ano.
É importante saber que, tanto as condições atmosféricas como as do oceano podem se modificar num espaço de tempo muito curto, portanto, para se precaver de quaisquer problemas, siga rigorosamente as orientações de seus guias e da equipe de apoio, pois os mesmos são exaustivamente treinados para analisar os fatores climáticos e poderão alterar o itinerário do passeio em caso de condições adversas severas. Esta é a meta explícita local para garantir a máxima segurança, comodidade e o bem-estar de todos os visitantes.
IMPORTANTÍSSIMO
Mantenha-se hidratado, aquecido, coma alimentos leves, evite beber alcoólicos em demasia, use e abuse dos protetores solares e labiais. Vista-se adequadamente: leve luvas, cachecol, gorro, boné, óculos escuros (essenciais para proteger os olhos da refração da luz), mochila confortável e utilize um bom calçado – leve e resistente – com solado de borracha, preferencialmente com isolante para água, frio e adequado com drenagem para você poder caminhar em locais com água ou neve.
Não esqueça sua câmera fotográfica com baterias e memory cards adicionais, pois você vai querer fotografar tudo que vir pela frente. Comprimidos para enjoo podem ser grandes aliados (são fornecidos gratuitamente na embarcação) mas de qualquer forma, vale se garantir e levar os seus.
Devido às variações de temperatura e condições climáticas que podem ocorrer ao longo dos passeios, a recomendação dada pelos organizadores é: “vista-se como uma cebola” quando estiver fora do navio, ou seja, utilize camadas de roupas com diversos tipos de tecidos – de preferência leves – que podem ser tirados ou colocados de acordo com a temperatura e que sejam fáceis de dobrar, guardar e transportar.
O ideal é que se tenha uma boa roupa térmica – chamada de 2a pele – para garantir a manutenção do calor. Sobre ela, uma peça de algodão, depois uma malha um pouco mais grossa, um casaco bem quente (não necessariamente muito grosso) e por fim, uma capa impermeável por cima de tudo. Esta é a melhor maneira de manter o corpo aquecido de forma uniforme já que o ar existente entre as camadas de roupa, servirá para equalizar os gradientes de temperatura entre o ambiente externo e você. Roupas grossas de nylon colocadas diretamente na pele não são recomendáveis. Apesar de não permitirem que o frio entre, impedem que uma quantidade necessária de calor saia do corpo, de forma a equilibrar corretamente a temperatura ideal para seu conforto.
Usar apenas um casaco grosso é um erro, pois muitas vezes, faz com que o indivíduo comece a suar e seja obrigado a abri-lo em algum momento para se refrescar e, devido às baixíssimas temperaturas, provoque um micro congelamento do suor. Desta forma ao invés de se aquecer, a pessoa passa a sentir frio. Calças jeans também não são recomendadas, pois são muito porosas e dissipam o calor do corpo rapidamente. Caso queira usá-las, coloque uma calça térmica por baixo do jeans e uma impermeável por cima. Tenha na mala ainda, aquelas calças com zíper que se transformam em bermudas, já que, se por acaso esquentar, você poderá tirar a parte das pernas e continuará confortavelmente vestido.
Independente da equipe de profissionais que o acompanha com suprimentos, leve alguma coisa para repor a energia (barrinha de cereais por exemplo) e seu próprio cantil com água. Lembre-se que apesar de sua viagem ser um passeio de entretenimento, você se encontra em meio a um local inóspito e está há muitas horas de distância de qualquer ponto de apoio devidamente equipado para uma intervenção de emergência no caso de um acidente. Nem cogite sair da trilha sem estar acompanhado de um orientador capacitado e sempre avalie os riscos.
Essas são apenas algumas dicas simples para que você possa se divertir, fazer novos amigos e desfrutar ao máximo sua estada num dos locais mais belos do planeta. Aproveite, divirta-se, cuide-se bem e retorne para casa feliz e em total segurança.
PARA SABER MAIS
Cruceros Australis: +56-2-2442-3115 – www.australis.com
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